Grupo de parlamentares tem poucos dias para negociar, com o relator,
o projeto de lei que altera a forma de repasse do recurso federal ao Distrito
Federal
A
defesa pela manutenção do cálculo de reajuste do Fundo Constitucional do
Distrito Federal (FC-DF) chegou a um momento decisivo.
Com
o Congresso Nacional prestes a entrar em recesso após a próxima sexta-feira, a
bancada federal (*distrital) tem poucos dias para articular apoios e negociar
com o relator do Projeto de Lei (PL) 4.614/2024, que visa alterar a forma de
repasse do recurso vindo da União.
A
intenção é votar o pacote de corte de gastos, que inclui o FC-DF, tanto na
Câmara dos Deputados quanto no Senado Federal antes do recesso.
O
governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), já esteve na Câmara dos
Deputados no início do mês, acompanhado pela bancada federal brasiliense e
outros políticos locais, para se reunir com o presidente da Casa, Arthur Lira
(PP-AL).
Durante
o encontro, o grupo pediu que o relator escolhido para analisar o projeto
tivesse conhecimento técnico. O deputado Isnaldo Bulhões Jr. (MDB-AL) foi
designado para a função, e sua escolha foi elogiada por Ibaneis, que o
classificou como “experiente e muito respeitado”.
O
governador agora busca agendar uma reunião direta com o relator para apresentar
os argumentos em defesa do Fundo.
Questionado
sobre o posicionamento de Bulhões, Ibaneis demonstrou otimismo. “Pedi a ele
para marcar uma audiência, para levar a bancada do DF e expor nossas razões.
Vou aguardar, mas acho que a receptividade do deputado foi muito boa”, afirmou
o governador.
Ação parlamentar
O
deputado federal Rafael Prudente (MDB-DF) confirmou que há um entendimento
dentro do MDB para preservar o FC-DF e retirar a mudança do projeto de lei.
“Agora temos que esperar a divulgação do relatório”, explicou o parlamentar.
A
deputada Erika Kokay (PT-DF) defendeu a necessidade de intensificar as
articulações na reta final para garantir a retirada da alteração do cálculo do
Fundo. “Nossa bancada tem que impedir que seja apresentado qualquer destaque
para recolocar (a mudança) no texto”, pontuou. Segundo a deputada, o objetivo é
sensibilizar o governo federal sobre a importância de manter o repasse
integral.
O
deputado Reginaldo Veras (PV-DF) destacou que a semana será “intensa” e afirmou
que a prioridade é dialogar com o relator do projeto. Veras disse ter discutido
o tema com Rafael Prudente, que informou ter antecipado a questão em reunião do
MDB. Veras acredita que o apoio de figuras influentes, como Michel Temer e José
Sarney, pode fortalecer a causa do GDF.
A
deputada Bia Kicis (PL-DF) ressaltou o trabalho de articulação da bancada
federal, que teria conseguido o compromisso de vários partidos, como PL, União
Brasil, MDB, PSD e Republicanos, contra a mudança no Fundo. “Acredito que o
governo não terá como vencer essa batalha”, afirmou. Para ela, “Brasília tem
sérias limitações, pois é uma cidade administrativa, sem indústrias e com
arrecadação limitada”. Segundo Kicis, “por isso, o Fundo foi criado para
resolver esse problema”.
Lula defende
corte no Fundo Constitucional do DF; Ibaneis reage
Articulações no Senado
A
expectativa é que a questão já chegue resolvida ao Senado. No entanto, a
bancada distrital tem se antecipado e articulado com senadores. Segundo Damares
Alves (Republicanos-DF), o objetivo é fazer um trabalho individual com cada
parlamentar. “A forma como os parlamentares estão vendo o nosso pedido nos faz
acreditar que a proposta não passará nem no Senado nem na Câmara”, afirmou
Damares.
O
senador Izalci Lucas (PL-DF) também está confiante. Ele ressaltou que, caso o
texto não chegue ao Senado conforme o articulado, a estratégia será convencer
os senadores, assim como foi feito no ano passado, quando o FCDF foi ameaçado
durante a votação do arcabouço fiscal. “Brasília não sobrevive sem o Fundo
Constitucional do DF”, alertou Izalci.
Impactos
Dos
R$ 66 bilhões destinados ao orçamento de Distrito Federal para 2025,
aproximadamente R$ 25 bilhões são oriundos do FC-DF. Dessa forma, há um temor
de que qualquer redução no repasse afete os serviços públicos, especialmente na
segurança pública, considerando que Brasília abriga as sedes dos três poderes,
embaixadas e recebe grandes manifestações populares.
O
presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), informou que a meta é votar o
pacote de corte de gastos antes do recesso parlamentar. Ele pretende dar regime
de urgência aos projetos assim que chegarem do plenário da Câmara. O presidente
da Câmara, Arthur Lira, já sinalizou a disposição de realizar sessão
extraordinária para agilizar a tramitação, permitindo que o Senado analise os
projetos até 20 de dezembro.(*Fonte:Fatos)