Alexandra Moreschi é atual presidente da Comissão de Direito à Saúde da OAB-DF; ela nega acusações.

 

 Em nota, OAB disse que caso foi levado ao conhecimento do Tribunal de Ética e Disciplina e corre sob sigilo.

 

A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) investiga uma advogada suspeita de se apropriar de indenizações que deveriam ser pagas para os clientes.

 Conforme as denúncias, o dinheiro é de decisões judiciais que ordenavam que a verba fosse usada para tratamentos de saúde de crianças com condições especiais.

 

A investigada é a advogada Alexandra Moreschi, atual presidente da Comissão de Direito à Saúde da OAB-DF. À TV Globo, ela disse que não se apropriou do dinheiro, e que os valores retidos estavam previstos em contrato.

 

Além disso, segundo a advogada, eles não poderiam ser usados para terapias (veja detalhes mais abaixo).

Em nota, a OAB-DF informou que o caso foi levado ao conhecimento do Tribunal de Ética e Disciplina, órgão que julga processos disciplinares.

 Por força de lei, segundo o comunicado, os processos correm sob sigilo.

Duas mães registraram ocorrência na 1ª Delegacia de Polícia, na Asa Sul. Elas afirmam que contrataram os serviços da advogada para ajuizar ações contra planos de saúde para garantir o custeio de terapias e tratamentos médicos para as filhas.

 

Denúncias

Camila é mãe da Rebeca, de 10 anos, que tem uma síndrome rara, autismo nível 3 de suporte e epilepsia. Ela conta que buscou a Justiça quando o plano de saúde negou a cobertura de consultas e terapias da filha. À frente do processo desde 2021, estava a advogada Alexandra Moreschi.

 Mãe relata uso indevido de dinheiro de indenização para tratamento da filha  — Foto: TV Globo/Reprodução

Mãe relata uso indevido de dinheiro de indenização para tratamento da filha

"[Ela] conseguiu a medicação da Rebeca, equipamentos, carrinho, andador. Só que, a partir de 2023, começou a entrar alguns valores na conta dela. Só que ela nunca me notificou desses valores, diz Camila.

Ela afirma que checou os processos e viu que a conta bancária que estava vinculada para receber os valores das sentenças era a conta própria da advogada. Um comprovante de março do ano passado mostra uma transferência de R$ 100 mil para a conta pessoal de Alexandra.

No mesmo inquérito, a Polícia Civil de Brasília reuniu o depoimento de uma segunda mãe. Para a polícia, ela contou que R$ 75 mil destinados à filha com deficiência foram depositados na conta da advogada em fevereiro, mas a informação só chegou pra família em outubro.

Durante esse período, a criança ficou sem terapia, enquanto a advogada apresentava sinais de gastos incompatíveis, como viagens ao exterior.

 

O que diz a advogada

Procurada pela TV Globo, a advogada negou que tenha se apropriado dos valores. "Em nenhum dos dois casos houve essa má fé, como elas alegam. Esses valores que foram retidos foram a título de honorários contratuais e honorários de partido, de percentual de 30% que a gente tem sobre os processos", afirma.

 

"Por isso a gente entende que elas talvez estejam sendo mal orientadas, mal interpretadas mas estou aberta a prestar as contas necessárias", diz Alexandra.

Sobre alguns dos valores questionados, a advogada diz que, inicialmente, eles não poderiam ser usados para terapias. "Poderiam ser usados para terapia, mas eram de multa por descumprimento", afirma a investigada.(*G1/DF)