Insetos inoculados com a bactéria 'Wolbachia', que impede o desenvolvimento dos vírus de dengue, zika, chikungunya e febre amarela, serão soltos em 11 cidades-satélites de Brasília e em dois municípios de Goiás.
Na biofábrica do mosquito wolbito, instalada no Distrito Federal pela Secretaria de Saúde, o ciclo de produção funciona de forma semelhante a uma fábrica tradicional: a matéria-prima chega, é transformada, embalada e distribuída.
O diferencial é que o produto final será um aliado no enfrentamento da dengue e de outras arboviroses.
Trata-se dos mosquitos Aedes aegypti inoculados com a bactéria Wolbachia, que impede o desenvolvimento dos vírus de dengue, zika, chikungunya e febre amarela.
O intuito é reduzir a transmissão dessas doenças na população.
O novo método é seguro e não representa riscos, conforme explica o coordenador de operações da empresa Wolbito do Brasil, Caio Rabelo: “A Wolbachia já está naturalmente presente em vários insetos, inclusive naqueles com que temos uma proximidade extrema, como as abelhas. Consumimos esses produtos e temos contato com a Wolbachia desde sempre, então sabemos que a bactéria não causa nada.”
Como funciona a produção
Os ovos dos chamados “mosquitos amigos” (wolbitos), vindos de Curitiba (PR), chegam a Brasília já encapsulados. Na biofábrica da Secretaria de Saúde, os ovos são colocados em potes com água e alimento. Um pedaço de tule, firmemente preso à boca do pote, permite ventilação e segurança dos mosquitos.
Os potes ficam em um ambiente com temperatura controlada, por volta de 30ºC, para melhor evolução e reprodução. Em um período de sete a 14 dias, os mosquitos saem de larvas e pupas até se tornarem adultos. Os recipientes com os wolbitos são transportados em caixas para as regiões administrativas e soltos no meio ambiente.
Esses insetos serão lançados em Planaltina, Brazlândia, Sobradinho II, São Sebastião, Fercal, Estrutural, Varjão, Arapoanga, Paranoá, Planaltina e Itapoã, além dos municípios de Luziânia e Valparaíso, em Goiás.
Reprodução
Após a soltura, os wolbitos se reproduzem com os mosquitos selvagens, transmitindo a bactéria para as próximas gerações. Há ainda outro efeito importante: quando um macho infectado com a Wolbachia cruza com uma fêmea selvagem, não nascem filhotes, contribuindo para substituir a população de insetos transmissores.
Segundo o gerente de Implementação da Wolbito do Brasil, Gabriel Sylvestre, a estimativa é que o processo seja autossustentável. “Com a soltura dessa população de ‘mosquitos amigos’, a tendência é reduzir a transmissão desses vírus. Dado um tempo, a população de wolbitos vai subir de uma forma significativa e a de selvagens, diminuir”, explica.