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BRINQUEDO TERAPÉUDICO: Hospital da Criança de Brasília utiliza artefato produzido com impressora 3D

Publicada em: 05/08/2025 09:47 - SAÚDE PÚBLICA

 

Iniciativa utiliza inovação tecnológica e coloca o paciente e a família no centro do cuidado.

Gabriel Barreto, 8 anos, foi submetido a um procedimento cirúrgico para a inserção de cateter de acesso venoso central no Hospital da Criança de Brasília José Alencar (HCB). Antes mesmo de ser direcionado ao centro cirúrgico da unidade, ele e sua mãe, Cristiane Rodrigues Martins, conheceram o “Gabriel 3D”− uma reprodução impressa em três dimensões de um menino que tem os mesmos traços físicos que a criança, que já estava com um acesso venoso no tórax. Agora, Gabriel pode visualizar, tocar e sentir como o dispositivo ficará em seu corpo após a cirurgia. 

O pequeno Gabriel interage com o brinquedo terapêutico, batizado de "Gabriel 3D', pouco antes da cirurgia
O Hospital da Criança de Brasília tem investido na premissa de que o ato de brincar, além de um direito da criança, pode ser um aliado importante no cuidado de pacientes com condições crônicas de saúde. O brinquedo terapêutico e as brincadeiras estruturadas visam a tornar mais próximo e acessível para a criança a sua jornada do cuidado hospitalar e a redução de efeitos adversos.

“A resposta tem sido extremamente positiva”, avalia Brunna Carvalho, supervisora de Enfermagem do Ambulatório do HCB e presidente da Comissão do Brinquedo Terapêutico/Brinque HCB. “Os pacientes demonstram maior aceitação dos procedimentos, expressam-se com mais liberdade e criam vínculos mais fortes com a equipe, enquanto os responsáveis pela criança relatam surpresa ao perceberem que brincar pode ser um recurso terapêutico eficaz.”

Atividades lúdicas

Em parceria com o Grupo de Pesquisa em Inovação, Projetos e Processos, da Universidade de Brasília (UnB), o HCB, por meio da Coordenação de Voluntariado e Pedagogia Hospitalar, fez impressões em três dimensões de personagens já utilizados na ambientação dos espaços da unidade, adaptados às características físicas das crianças. O projeto, que está em seu processo de implementação, busca contemplar as crianças atendidas na internação e, posteriormente, às demais unidades de atendimento.

Brunna Carvalho (D), supervisora de Enfermagem do Ambulatório do HCB: “Os pacientes demonstram maior aceitação dos procedimentos, expressam-se com mais liberdade e criam vínculos mais fortes com a equipe, enquanto os responsáveis pela criança relatam surpresa ao perceberem que brincar pode ser um recurso terapêutico eficaz”

Para Anna Karolina Barsanulfo, a abordagem com o Brinquedo Terapêutico favorece o cuidado integral, porque considera a criança em sua totalidade: corpo, mente e emoções.

“Essa ação é pioneira e profundamente simbólica”, afirma Anna Karolina Barsanulfo, gerente da Linha de Cuidado do Paciente Clínico. “Ao desenvolver recursos personalizados com impressão 3D e design centrado no usuário, buscamos tornar tangível aquilo que, muitas vezes, é abstrato para a criança – como a presença de um dispositivo médico, uma alteração corporal ou uma condição clínica.”

Brincadeira é coisa séria

A vivência no ambiente hospitalar pode ser repleta de desafios emocionais, físicos e psicológicos para as crianças. Sentimentos conflitantes ou mesmo o desconhecimento sobre os procedimentos médicos podem interferir no curso do cuidado realizado e fomentar emoções como o medo, ansiedade e comportamentos agressivos.

Para os profissionais do hospital utilizar o brinquedo terapêutico propicia maior conscientização, educação em saúde e emoções positivas tanto para as crianças quanto para os pais e responsáveis. “Ao aliar o lúdico à educação em saúde, nós conseguimos criar pontes de compreensão, reduzir medos e facilitar o engajamento no cuidado”, pontua Brunna Carvalho. “O brincar é uma linguagem natural da infância. Por meio dele, traduzimos informações complexas para algo mais acessível, respeitoso e acolhedor”.

A Comissão do Brinquedo Terapêutico/Brinque HCB é composta por profissionais da enfermagem, farmácia, psicologia, psicopedagogia, fisioterapia e terapia ocupacional. Ela é responsável por estudos sobre a padronização e sistematização dos brinquedos com a finalidade de tornar a experiência do cuidado hospitalar mais confortável, segura e humanizada.

Abordagens

Conforme a idade e o desenvolvimento da criança em se expressar, podem ser conduzidas diferentes abordagens com os brinquedos terapêuticos. O brinquedo terapêutico dramático, por exemplo, tem a finalidade de favorecer a exteriorização de sentimentos da criança, de modo que a equipe de saúde e família compreendam o que a estaria afligindo. A abordagem busca auxiliar a criança a elaborar sentimentos e experiências, além de criar vínculos de confiança.

Já o brinquedo terapêutico instrucional foi criado para preparar e informar a criança sobre os procedimentos aos quais ela será submetida. Utiliza-se da capacidade de fazer referência aos próprios pacientes, utilizando modelos visuais para favorecer a identificação e o entendimento por parte da criança.

 

O brinquedo terapêutico capacitador, por sua vez, objetiva ensinar a criança o autocuidado e consiste em desenvolver atividades que desenvolvam a autorresponsabilização e educação em saúde.

No HCB, as brinquedotecas também proporcionam experiência acolhedora para as crianças e seus familiares. A unidade tem oito brinquedotecas - três no ambulatório e cinco nas unidades de internação. Esses espaços são equipados com brinquedos e jogos educativos destinados a estimular as crianças e seus acompanhantes ao “brincar livre”. Além disso, o HCB dispõe de auxiliares pedagógicos que orientam brincadeiras quando acionados pela equipe assistencial ou família.

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