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OBRA MUITO DEMORADA: Modificações na EPIG geram insegurança para motoristas e pedestres

Publicada em: 10/07/2025 09:50 - Infraestrutura Trânsito DF

Motoristas e pedestres reclamam de problemas como lentidão no trânsito, semáforos desligados, falta de sinalização e de iluminação. Secretaria de Obras diz que trechos da via serão liberados à medida em que as etapas forem concluídas

 

Caos no trânsito, alterações no tráfego sem aviso prévio, poeira, semáforos desligados, ausência de sinalização adequada, falta de iluminação, interdições mal planejadas, insegurança para pedestres estão entre os problemas enfrentados por quem passa diariamente pela Estrada Parque Indústrias Gráficas (EPIG), do Eixo Monumental ao viaduto do Sudoeste.

 

As obras, que fazem parte da construção do Corredor Eixo Oeste, têm gerado muitos transtornos, especialmente para quem depende da via para trabalhar, estudar ou se locomover por outros motivos. O Correio presenciou esses problemas e ouviu motoristas e pedestres.

Pedestres precisam passar por baixo da tela para chegar ao outro lado da avenida

A estudante Priscila Pereira, 36 anos, afirma que o caos no trânsito tem se intensificado desde o início das obras. “Só tem uma pista para os carros e os ônibus circularem, fazendo com que o trânsito fique mais demorado. A gente demora mais para chegar em casa”, relata.

Para ela, os semáforos desativados aumentam ainda mais o risco de acidentes. “Às vezes, também desligam os semáforos e as pessoas não conseguem nem atravessar por conta do fluxo grande de carros, que não param para as pessoas passarem. É perigoso”, alerta.

Atravessar durante as obras na EPIG virou dor de cabeça

Priscila questiona a necessidade da intervenção. “Sinceramente, achei essas obras desnecessárias. Existem áreas no Distrito Federal que necessitam muito mais de reformas e direcionamento de recursos. O Sudoeste é uma área nobre, que não precisaria ter essas reformas”, avalia.

Obras na EPIG dificultam a vida de pedestres

Pedro Henrique Fontes, 20, tem opinião semelhante. Autônomo, monta diariamente seu carrinho de doces na Epig e critica o que considera ser um desperdício de recursos públicos. “Antes da obra, não tinha trânsito, era tranquilo. As obras que fizeram antes já bastavam”, diz. “Estão gastando dinheiro à toa. Em vez de estar construindo mais postos de saúde, ficam gastando dinheiro com pista”, completa.

 

Atraso

A qualidade da obra é questionada pela engenheira Júlia Brito, 25. “Há pouco tempo, eles fizeram uma obra e, agora, quebraram tudo para refazer. Está com um controle de qualidade ruim, que gera o atraso. O que me incomoda é ficar mexendo em algo que já estava pronto”, comenta.  “Também fecharam o retorno para ir ao Eixo Monumental. Não tem nem mesmo um aviso. Ele só parou de existir”, lamenta.

 

A engenheira Júlia Brito, 25, e a assistente administrativa Sara de Souza, 28, acreditam que não havia necessidade de obras na EPIG

 

Ela também relata a dificuldade para cruzar a via com segurança. “Hoje de manhã, eu estava vindo de carro e, quando eu olhei, havia mais de oito pedestres esperando para atravessar, só que o sinal estava quebrado. Os carros não paravam. Eu parei e coloquei o pisca-alerta para avisar os outros carros”, conta.

Priscila Pereira: “Só tem uma pista para os carros e os ônibus circularem, fazendo com que o trânsito fique mais demorado” 

 

A saúde da recepcionista Bruna Eduarda Bezerra, 24, tem sofrido. “A poeira está atrapalhando bastante. Eu tenho sinusite e rinite, então, quando eu vou atravessar, fico com alergia. Uma vez, quando eles estavam mexendo, fiquei toda empoeirada porque a poeira estava subindo. Tive que me limpar quando cheguei no trabalho”, diz. A jovem também menciona a dificuldade para chegar ao local de trabalho. “Estou me atrasando todos os dias cerca de 15 minutos por conta do trânsito da pista”.

 

O autônomo Pedro Henrique Fontes, 20, corre muitos riscos para ir trabalhar, pois o semáforo que precisa atravessar na EPIG está sempre sem funcionar

 

Enfrentar a EPIG virou uma dor de cabeça para o morador do Sudoeste e engenheiro civil no Departamento da Polícia Federal (DPE) Marllon Fontes, 33. “Está muito difícil o acesso. Atrapalha bastante no dia a dia. O acesso para o Uber também é difícil, a gente tem que sair lá pela outra saída da polícia para conseguir pedir um Uber. Por conta desse enforcamento da pista, que ocorre por causa da própria divisão, aglutina muito o trânsito”, reclama.

Perigo

Os relatos confirmam a análise do pesquisador em mobilidade urbana Carlos Penna Brescianini. Ele afirma que o perigo durante as obras da Epig é visível. “Falta iluminação e uma sinalização adequada, que ajude os motoristas que trafegam por ali”, afirmou. O especialista também ressaltou que pedestres e ciclistas não foram levados em consideração.

“A obra está sendo feita em uma área que as pessoas cruzavam a pé, antes do início dos serviços. O ideal seria construir passagens subterrâneas, nos moldes das que existem na Asa Sul, por exemplo, antes de iniciar as obras na via”, avalia.

O que diz o GDF

Em nota ao Correio, a Secretaria de Obras do Distrito Federal afirmou que todas as intervenções na EPIG  foram devidamente comunicadas com antecedência à população, por meio de veículos oficiais, como a Agência Brasília e as redes sociais do Governo do Distrito Federal (GDF).

“A segurança de motoristas e pedestres é prioridade absoluta. Por isso, a sinalização implantada ao longo da via está em constante avaliação. Sempre que se verifica a necessidade de ajustes ou reforços, as equipes responsáveis são acionadas de imediato para promover as correções necessárias”, declarou a pasta.

Sobre a iluminação, a secretaria informou que “em alguns pontos da obra, houve necessidade de remoção de postes de iluminação pública. Para manter a segurança viária nesses locais, foram instalados refletores provisórios, com o objetivo de garantir visibilidade durante o período noturno”.

A nota finaliza destacando que, “à medida em que as etapas da obra vão sendo concluídas, novos trechos da via são liberados ao tráfego, o que contribui para melhorar a fluidez do trânsito e reduzir os impactos causados pela intervenção. A Secretaria segue monitorando de perto o andamento da obra e reforça seu compromisso com a segurança e a transparência em todas as etapas do projeto”. Colaborou Arthur de Souza/*Estagiária sob a supervisão de Malcia Afonso/Com informações do Correio Braziliense

 

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