Confira dicas para não comprometer a brincadeira e gerar riscos para terceiros
Empinar pipa é uma das brincadeiras mais tradicionais e
antigas da infância. No entanto, a atividade requer cuidados e as medidas de
segurança são constantemente reforçadas pelas autoridades no assunto e até
previstas na legislação. É o caso da Lei nº 7.469/2024, que proíbe o uso, a
posse, a fabricação e a comercialização de produtos acabados com a finalidade
de utilização como linhas cortantes.
Empinar pipas requer cuidados para não
colocar em risco a segurança do pipeiro e até de terceiros
A norma foi feita
para proibir a comercialização de linhas cortantes – cerol ou linha chilena – e
delimitar os espaços adequados para a prática de empinar pipa. A lei determina
que praças abertas, campos de futebol e outros com área aberta mínima de 500
metros quadrados são aptos para a atividade. Esses locais também não podem
oferecer riscos a pedestres em geral, a condutores de bicicletas e motocicletas
e de danos a residências.
O texto ainda proíbe
a prática em áreas próximas a redes elétricas, aeroportos e aeroclubes e em
locais destinados à aviação em geral. O descumprimento da lei pode ocasionar em
multa no valor de R$ 500 a pessoas físicas e R$ 5 mil a pessoas jurídicas. A
lei determina ainda que a Secretaria de Proteção da Ordem Urbanística do
Distrito Federal (DF Legal) e o Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos
Hídricos do Distrito Federal (Brasília Ambiental) são responsáveis pela
fiscalização. Já os registros de ocorrência devem ser feitos juntos à Polícia
Civil do Distrito Federal (PCDF).
“O cerol já faz um
estrago enorme, mas a linha chilena multiplica o poder de corte por mais de
quatro vezes. Ambas são expressamente proibidas”
Dayan Alves Pereira, primeiro-tenente
do Corpo de Bombeiros
“Lembrando que a
direção do vento deve ser levada em consideração, porque por mais que a pessoa
esteja em uma área controlada, se o vento vira e a pipa é cortada, ela pode ir
em direção a áreas populosas e vias de tráfego. Pode ser perigoso”, alerta o
primeiro-tenente do Corpo de Bombeiros, Dayan Alves Pereira.
Ainda segundo o
militar, os materiais proibidos pela legislação são extremamente perigosos. “O
cerol é a mistura caseira de cola com vidro ou limalha de ferro. E temos a
linha chilena, uma versão industrial que vem pronta, com óxido de alumínio ou
pó de quartzo na sua composição, o que aumenta o poder de corte em relação ao
cerol. O cerol já faz um estrago enorme, mas a linha chilena multiplica o poder
de corte por mais de quatro vezes. Ambas são expressamente proibidas. Não pode
se valer deste tipo de produto em nenhuma hipótese”, alerta.
Linhas cortantes
podem ser fatais para motociclistas e ciclistas, sendo perigosas até para os
pipeiros
Linhas que contém
cerol ou linhas chilenas podem ser fatais para motociclistas e ciclistas e
perigosas até para os pipeiros, que podem cortar as mãos e braços durante o
manuseio delas. Ao longo de 2023, o Corpo de Bombeiros atendeu 31 ocorrência de
acidentes com linha de pipa ou linha cerol ou linha chilena. Neste ano, foram 8
atendimentos, correspondentes a janeiro, fevereiro e março.
“Por mais que
motociclistas e ciclistas estejam devagar, essa linha pode causar lesões,
ferimentos gravíssimos e pode levar à morte. Vai pegar em regiões de grande
vascularização, como o pescoço, mão e pernas. São pontos sempre de grande
vascularização e isso pode levar à morte, mesmo com um atendimento rápido e
eficiente”, acrescenta.
Riscos na rede
elétrica
Outro problema
ocasionado pelo manuseio irregular da pipa em áreas proibidas é o risco de
descargas elétricas. A Neoenergia, empresa responsável pelo fornecimento de
energia na Grande Brasília, recomenda que a população faça a atividade sempre
longe da rede elétrica.
O usuário jamais deve tentar retirar a pipa que ficou presa na rede elétrica; o trabalho é perigoso, sendo reservado a equipes especializadas
O pedido é para que
se procure áreas abertas, conforme determina a lei. O risco de choque, de
problemas caso a pipa caia na rede elétrica ou até de cortar algum fio é real.
“A população nunca deve usar fios metálicos, eles são condutores de energia e
podem causar choques nas pessoas. Se a pipa ficar presa no fio elétrico, jamais
tentar retirá-la. Somente uma equipe deve retirar uma pipa entrelaçada nos
nossos fios. A brincadeira de soltar pipa é bacana, mas é séria”, explica a
gerente de Saúde e Segurança da Neoenergia Brasília, Rosy Menezes.
A Neoenergia também
recomenda que a população não solte pipa em dias chuvosos e, caso a pessoa
esteja brincando na rua e comece a chover, que ela recolha a pipa e retorne
para um lugar seguro.
Caso uma pessoa
presencie uma emergência deve entrar em contato com o Corpo de Bombeiros pelo
telefone 193. A recomendação é que seja dado um ponto de referência e que o
telefone da pessoa fique desocupado após falar com os bombeiros para que eles
possam entrar em contato posteriormente.
Dicas para os
pipeiros:
- Não permitir que
crianças e adultos façam uso dos elementos cortantes, como o cerol caseiro ou a
linha industrial (chilena);
– Não empinar pipas
próximo a redes elétricas e antenas, em especial em dias chuvosos;
- Nunca tentar
retirar pipas presas na rede elétrica;
– Não empinar pipa
em telhados e lajes por risco de queda pela ausência de guarda-corpo;
– Nunca correr
atrás de uma “pipa cortada”. O risco de acidente de trânsito é quase certo;
- Não jogar
objetos na rede de energia elétrica, como arames, correntes e cabos de aço.
Além de causar interrupções no fornecimento, há grande risco de provocar
acidentes.
Dicas para os
motociclistas:
- Instalar duas
antenas corta-fio na moto. Uma em cada guidão;
– Se o motociclista
sentir que algo encostou em seu corpo, evite puxar com força porque pode
machucar as mãos;
– Utilizar roupas
com resistência à abrasão e, se possível, joelheiras.